sábado, 4 de dezembro de 2010

Câmara da Lousã exige demissão do Secretário de Estado dos Transportes

Para o presidente da Câmara, Fernando Carvalho, “chegou a altura de tomar decisões”. A paciência esgotou e a Lousã diz “basta” ao silêncio de Carlos Correia da Fonseca.

O executivo municipal da Lousã aprovou ontem, por unanimidade, uma proposta para a Câmara recorrer «à via judicial, visando impedir a supressão dos trabalhos da via-férrea anunciados pela Refer». Por outro lado, no mesmo documento, a Câmara Municipal exige «a demissão do secretário de Estado dos Transportes», Carlos Correia da Fonseca, «em virtude das sucessivas decisões causadoras de graves prejuízos para os lousanenses e para o concelho».

A proposta veio do presidente da Câmara da Lousã, Fernando Carvalho e foi apresentada na reunião do executivo, que contou com a presença de todos os vereadores, bem como do vice-presidente da autarquia, Luís Antunes.

O executivo justifica a sua posição atendendo às últimas notícias relativamente ao projecto metro, que dão conta da supressão dos trabalhos de especialidade de via-férrea e catenária. «Entendemos que a forma como o senhor secretário de Estado dos Transportes tem conduzido o processo se revela totalmente desadequada», refere a proposta, avançando que tal postura «constitui um desrespeito para com os lousanenses e uma afronta pessoal e institucional para com os legítimos representantes e interesses do concelho, pondo em causa a concretização de um projecto de grande importância e que foi assumido e consignado pelo respectivo governante».

“Exigimos respeito”
Ao nosso jornal o presidente da Câmara da Lousã afirmou, peremptoriamente, que «chegou a altura de tomar decisões».

«Há uma altura em que temos de dizer basta a estas sucessivas desconsiderações», arguiu Fernando Carvalho, aludindo ao silêncio do secretário de Estado dos Transportes sobre o futuro do metro, bem como às duas assembleias-gerais da Metro Mondego a que o Estado, sócio maioritário da, entretanto, extinta sociedade, faltou sem aviso prévio.

Note-se que a Câmara da Lousã tem sido, de entre as três autarquias envolvidas no processo, a que se tem mantido mais reservada nos comentários dirigidos ao Governo, desde que começaram a surgir as primeiras notícias que punham em causa a conclusão do projecto. No entanto é a primeira a optar pelas vias legais para impedir o fim de um projecto que a região já aguarda há mais de duas décadas.

Ao Diário de Coimbra, Fernando Carvalho explicou que a Lousã “não atirou a primeira pedra”, por compreender que «estes processos têm a sua maturação». «As pessoas podem tomar decisões, mas efectivamente este é um país democrático, não é nenhuma ditadura», defendeu o autarca, completando que «como do outro lado há um silêncio ensurdecedor, a determinada altura temos de tomar decisões».

Em suma, é uma exigência de respeito. «Não é admissível que representantes do Governo de Portugal tenham esta atitude, estão a lidar com uma Câmara Municipal, com um presidente que é eleito, exigimos que haja respeito», concluiu o autarca.

Recorde-se que ainda esta semana o edil havia criticado o comportamento do secretário de Estado, que considerou «vergonhoso», quando se tornou pública a decisão de suprimir os trabalhos relacionados com a via-férrea e catenária.
(Diário de Coimbra, 4 de Dezembro de 2010)

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