sábado, 29 de outubro de 2011

Um Metro de preocupação



(Clique na imagem para aumentar o tamanho)


Um Metro de preocupação

HÁ CERCA de um ano, o Governo de José Sócrates, consciente das dificuldades que o país já então atravessava, exigiu que se fizesse uma reavaliação dos custos previstos para a execução da obra do Metro Mondego, reclamando a necessidade de redução ao essencial daquele projeto de mobilidade.

EM CONSEQUÊNCIA, temos bem presente, gerou-se uma onda de contestação e protesto pela suspensão dos trabalhos, organizaram-se manifestações, emitiram-se comunicados e criaram-se os múltiplos movimentos em defesa das populações e do projeto de mobilidade. Recordo até as declarações do então líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, criticando a suspensão dos trabalhos e reclamando urgência da comissão criada para a reavaliação do projeto, dada a necessidade de se honrar os compromissos assumidos e a obrigação do Estado em “repor, no mínimo, a situação que existia”, ou seja, a ligação ferroviária Coimbra a Serpins.

NÃO posso esquecer a visita que o agora primeiro-ministro efetuou a Miranda de Corvo, no dia 25 de maio, em campanha para as legislativas, onde perante a população, Passos Coelho garantiu que o novo Governo por ele liderado iria “proceder à rápida continuação e conclusão das obras projetadas com a colocação de um sistema de mobilidade de passageiros sobre carris, nomeadamente entre Serpins e Coimbra”.

A COMISSÃO criada para a reavaliação dos custos com o Projecto de Mobilidade entregou, em finais de junho de 2011, o relatório final que apontava para uma poupança de mais de 60 milhões de euros.

PERANTE tudo que se disse, e passou, esperava-se do novo Governo uma decisão rápida e urgente. Mas, tal não ocorreu. E por isso, decorridos quase dois meses sem que alguma decisão fosse tomada, apresentaram os deputados do Partido Socialista eleitos por Coimbra, na Assembleia da República, um requerimento dirigido ao Ministro da Economia e Emprego questionando-o do interesse na continuidade do projeto de mobilidade, da garantia na manutenção dos transportes alternativos e do apuramento das fontes de financiamento.

O MINISTRO da Economia e Emprego veio responder referindo que o Governo estava a “recolher informações sobre o referido projeto, nomeadamente índices de procura de serviços, por forma a tomar uma decisão”, o que não deixou de ser uma preocupante e surpreendente resposta para as expetativas dos utentes daquela linha ferroviária.

PREOCUPAÇÃO que se agravou quando fomos confrontados com o Plano Estratégico de Transportes deste Governo, onde se conclui que, perante um estudo sobrestimado de procura do transporte e da concentração do investimento na

REFER e na CP se tornava necessário rever os pressupostos que estiveram na base das decisões sobre este projeto de mobilidade, adequando o seu âmbito às possibilidades do país decorrentes da realidade económica e financeira atuais e na definição clara das responsabilidades dos acionistas da Metro Mondego.

PERANTE tudo isto, não deixa de ser surpreendente que autarcas e movimentos criados em defesa do projeto de mobilidade tenham perdido a sua capacidade de protestar e reagir perante uma intenção tão clara de extinguir o projeto Metro Mondego.

ACREDITO que não deixaremos de defender o projeto com a determinação de sempre. Mas gostaria muito de ver na primeira linha os que durante meses e em condições não tão gravosas fizeram do Metro Mondego a sua bandeira. Só para não ter maus pensamentos…

(Revista C, 27/10/2011)

Nenhum comentário: