quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Ca(u)sa do Gaiato

Tenho a noção que os meus conterrâneos já sentem as críticas e ameaças que têm sido feitas à Casa do Gaiato de Miranda do Corvo como se elas fossem dirigidas a cada um de nós.
Não há paciência para aturar uma coisa destas e não percebo como é que os responsáveis pela Casa ainda não colocaram um ponto final nisto.
De vez em quando lá vem a público mais uma notícia a denegrir a imagem de uma instituição que ainda é insubstituível no panorama solidário em Portugal.
Penso que não é por acaso. Ciclicamente lá vem mais uma achega para não deixar cair o assunto em “saco roto”. Por todo o lado se ouve, se comenta, se assiste incrédulo e a dúvida vai-se instalando, mesmo quando nos recusamos a tomar conhecimento. Não conheço a pessoa ou o conjunto de pessoas que estão tão interessadas em continuar com estas denúncias, ignoro os seus motivos mas devo dizer aos responsáveias da Casa do Gaiato, que chega de “dar a outra face”, há que tomar a atitude mais lógica, colocar um processo em tribunal e exigir os reparos que a lei prevê.
Já algumas vezes saí chamuscada e até queimada quando afirmei que punha as mãos no fogo por este ou por aquele, por esta ou por aquela situação. Dito por outras palavras, directas, já me enganei no julgamento de pessoas e das suas boas intenções. Estamos sempre sujeitos porque, como diz um amigo que também escreve artigos de opinião, é da vida…
Acredito na Casa do Gaiato! Acredito nas boas intenções das pessoas que, sem descanso, a gerem. O que me leva a acreditar é o que tenho observado ao longo de muitas décadas de contacto directo. Convivi com vários padres à frente da Obra, com diversas formas de liderança mas todos focados no mesmo: valorizar os rapazes, encontrar-lhes os melhores caminhos, encontrar a melhor solução para as suas vidas. A questão que parece estar em causa é mesmo haver uma liderança forte que não transige com vontades externas à Casa. Assim era também a liderança do Padre Américo!
Continuo a afirmar que é uma Casa aberta, qualquer um de nós é bem recebido. A sua antiga “escola primária” funciona como prolongamento do parque escolar do primeiro ciclo, onde estão perfeitamente integradas as crianças da comunidade mirandense. Os pais colaboram activamente, movimentam-se com grande à vontade por todo o espaço e sentem que os seus filhos estão felizes. Testemunho a preocupação dos antigos gaiatos, os que lá cresceram, que vêm ameaçada a sua Casa, pois é da sua família que se trata. Vejo os adultos que lá trabalham sempre preocupados com os jovens. Assisti às obras de beneficiação feitas, que vieram valorizar ainda mais os espaços já de si bastante cuidados. Os jovens andam bem vestidos, limpos, bem alimentados, com o material escolar necessário, o encarregado de educação sempre preocupado e atento, o que querem que a Casa do Gaiato dê mais?
Não gosto de tribunais por causa do que lhes está subjacente, as questões desagradáveis que os intervenientes não conseguem resolver entre si, mas ofereço-me ao Sr. Padre Manuel Mendes para testemunhar a favor da Casa do Gaiato e dele próprio. Tem de se acreditar na justiça, não ter medo dela. Concerteza não é o medo que os impede de avançar mas o mesmo que trava muita gente neste tipo de processos, o desgaste psicológico e o dinheiro que se gasta, a justiça é cara.
Pergunto eu, não há um advogado que se ofereça para defender graciosamente a causa do Gaiato?
Mesmo ganhando processos há uma coisa que nunca se poderá retirar ao Sr. Padre Manuel nem à Casa do Gaiato por mais inocentes que os considerem, a mancha de suspeição que vai pairar sobre eles para sempre. Essa é uma vitória que os caluniadores vão saborear e isso não é justo…
Texto publicado no Diário "As Beiras"

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