segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fausto Correia na Assembleia Municipal de Miranda do Corvo

A morte de Fausto Sousa Correia causou uma onda de consternação que abalou o país e ainda nos custa a aceitar esta realidade deixando-nos incapazes de fazer uma avaliação sobre as consequências imediatas do seu desaparecimento.
Trabalhei com ele pouco tempo e não serei certamente a pessoa mais indicada para traçar o seu perfil, no entanto, não quero deixar passar este momento sem lhe prestar a minha modesta homenagem.
Não há pessoas insubstituíveis, sabemos disso, mas a dimensão deste homem tinha uma importância tal que deixa um vazio difícil de preencher.
A sua actividade política extravasou o espaço geográfico onde se criou chegando a deputado, governante, gestor público e ultimamente eurodeputado.
Como cidadão foi destacado dirigente de várias associações e colectividades, jornalista, homem de sociedade. Não admira que da direita à esquerda, o país tenha reagido consternado à notícia da sua morte! Era um verdadeiro exemplo de prática democrática.
Miranda do Corvo habituou-se a contar com Fausto Correia e agora apercebo-me que não fomos só nós, todos contavam com ele. De registar a sua disponibilidade quando precisávamos de alguém com prestígio para nos representar ou quando se tratava de resolver problemas aos Mirandenses, em Coimbra, em Lisboa ou em Bruxelas, o nome que vinha sempre à cabeça era Fausto Correia.
Foi presidente da Assembleia Municipal entre 1997 e 2001, mas antes e depois desta data foi deputado municipal. Neste órgão autárquico demonstrou a sua invulgar capacidade de diálogo e de conhecimento sobre o seu funcionamento que lhe granjearam o total respeito dos seus pares e do público. A sua palavra fluente era ouvida com atenção e os seus pareceres acatados com toda a naturalidade. Sabia conviver com a vitória ou a derrota pois a vontade de servir Miranda e ser útil à terra e aos habitantes que considerava seus conterrâneos sobrepunha-se ao resto.
Nestas funções demonstrou o seu carácter e espírito de isenção sem nunca ser capaz de colocar o seu partido à frente dos superiores interesses de Miranda. Surpreendia-me o silêncio e a atenção de todos quando levantava o braço a pedir a palavra. A sua acção pautava-se pelo esclarecimento, pelo incentivo, pelos conselhos e não admitia atropelos à legitimidade democrática.
Os Mirandenses vão sentir a falta do seu jogo de cintura para conciliar tendências, acalmar tensões, aproximar pessoas e evitar confrontos, nesta terra que considerava como sua, pois seu avô e seu pai eram naturais de Cadaixo, uma pequena aldeia da freguesia e concelho da Miranda do Corvo.
O seu interesse pela sociedade civil reflectia-se na participação nas colectividades mais representativas.
Muito humano, dedicava-se às pessoas com quem convivia interessando-se por pormenores como a situação familiar, o nome dos filhos, as referências elogiosas aos amigos com quem agora se foi encontrar…
Para dar colo a tanta gente, para desempenhar tantos cargos e funções a sua mulher e filhos, foram suficientemente fortes para superar as prolongadas ausências. A eles que o dividiram com Miranda, Coimbra, Lisboa e um pouco com todo o mundo quero apresentar os mais sentidos pêsames e desejar que ultrapassem com resignação a dor que os atingiu.
Tenho a certeza que os Mirandenses saberão perpetuar a sua memória.
Texto da autoria da vereadora do PS, Profª Ana Gouveia, publicado no Diário As Beiras.

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